Um relatório
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério
da Fazenda, identificou vários depósitos fracionados sem identificação feitos,
em um curto espaço de tempo, em nome do senador José Agripino (DEM). O valor
total chega aos R$ 169,4 mil. O documento faz parte do inquérito aberto pelo
Supremo Tribunal Federal, autorizado pelo ministro Luís Roberto Barroso, que
investiga crimes de corrupção. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
De acordo
com o relatório do Coaf, a movimentação "sugeriria a tentativa de burla
dos mecanismos de controle e tentativa de ocultação de identidade do
depositante". Os depósitos citados no documento foram realizados todos no
dia 27 de outubro do ano passado, em contas do senador. Ao todo, foram seis
depósitos R$ 9.900 diretamente no caixa
(R$ 59,4 mil), além de outros 44 feitos
em envelopes no caixa eletrônico, cada com valor de R$ 2.500 (R$ 110 mil),
todos em espécie.
O órgão
ressaltou a "ocorrência de trais operações em espécie, no mesmo dia, com
valor global de R$ 169,4 mil", sem que os nomes dos depositantes fosse
conhecidos. Pelas regras em vigor, segundo o Coaf, os valores registrados no
caso de José Agripino "dispensam a identificação". para efeito de
registro, os bancos devem identificar em seus controles internos os autores de
depósitos acima de R$ 10 mil, sendo necessário comunicar ao Coaf operações do
tipo com valores acima de R$ 30 mil.
O órgão
identificou ainda outros depósitos feitos em contas do senador, sendo um no
valor R$ 95 mil feito em espécie por um motorista do Senado, bem como outros
quatro, no valor de R$ 9 mil cada, realizados por uma servidora do Tribunal de
Justiça potiguar.
Ainda
segundo a reportagem publicada pela Folha de São Paulo, o senador informou que
não foi comunicado sobre o inquérito e que desconhece os depósitos citados pelo
Coaf. Agripino disse ainda que assim que for informado, responderá sobre os
questionamentos.
Inquérito
A abertura
de inquérito para investigar o senador José Agripino foi autorizada ontem (7)
pelo ministro do Luís Roberto Barroso, do STF. O pedido foi feito na última
segunda-feira (5), pela Procuradoria Geral da República (PGR).
O senador é
suspeito de combinar o recebimento de propina com executivos da construtora OAS
com valores desviados das obras de Arena das Dunas. O estádio foi colocado à
venda em março deste ano pela OAS, responsável pela obra, menos de um ano
depois dos jogos. A medida fez parte de um pacote da construtora para evitar
prejuízos junto aos credores.
Na
terça-feira (6), o senador afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que ainda não
havia sido notificado sobre a investigação. "A acusação é absurda,
inverídica e descabida. Se ela existe, eu vou me colocar à disposição do
judiciário para prestar as informações necessárias", disse.
O senador
José Agripino é um dos principais líderes da oposição ao Governo Federal desde
o primeiro mandato do ex-presidente Lula, em 2003.
(***) FONTE: Tribuna
do Norte
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