quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A INTERMINÁVEL ARMAÇÃO DO GOLPE DO IMPEACHMENT


O cenário é nítido, aponta Luis Nassif: "Em uma das pontas, um exército disposto a tudo para derrubar o governo e, de outro, a inércia política". Os inimigos do governo são mais do que sabidos, e o jornalista repete seus nomes e armações golpistas. Mas as críticas mais duras se voltam contra Dilma & Cia:

"Tem-se um governo politicamente tão incompetente e sem ação como nunca se viu na história do país após a Segunda Guerra. Os golpes são anunciados com meses de antecedência e não se vê uma medida sequer da parte do Palácio do Planalto, quanto mais uma estratégia pensada."


As pancadas mais fortes, contudo, ainda estão reservadas para o ministro da Justiça. Leia na íntegra:

Por Luis Nassif, no GGN

Há duas posturas contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff: um pequeno grupo dos que aprovam o governo em qualquer hipótese; e o grupo dos que, mesmo sendo críticos em relação a ele, encaram o impeachment como golpe contra a democracia.

De fato, significaria tirar do país o único grande diferencial positivo em relação aos demais emergentes: uma democracia que se acredita consolidada.

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Tem-se, em uma das pontas, um exército disposto a tudo para derrubar o governo. Fazem parte dele uma oposição que perdeu o rumo, autoridades judiciais, como Gilmar Mendes, falsos varões de Plutarco como Aécio Neves e Agripino Maia, uma mídia enlouquecida, disposta a tudo, até a desorganizar totalmente a economia por um governo que a salve de uma crise estrutural.

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Na outra ponta, tem-se um governo politicamente tão incompetente e sem ação como nunca se viu na história do país após a Segunda Guerra.

Os golpes são anunciados com meses de antecedência e não se vê uma medida sequer da parte do Palácio do Planalto, quanto mais uma estratégia pensada.

A manutenção de José Eduardo Cardozo no cargo de ministro da Justiça é incompreensível. Trata-se do pior ministro da Justiça da história em uma das fases politicamente mais conturbadas.

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No final do ano passado, quando Gilmar Mendes e Dias Toffoli ousaram o "golpe paraguaio" através do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não se viu um movimento sequer da parte de Cardozo.

Não se vá desculpar Toffoli, mas sua decisão de distribuir os processos eleitorais de Dilma para Gilmar Mendes foi pura represália à desconsideração com que foi tratado por ela, recusando-se a recebê-lo quando a procurou para alertar para a necessidade de renovar o mandato prestes a vencer no Tribunal.

Tendo o poder da caneta na mão, Dilma sequer foi alertada por Cardozo, da importância de fortalecer o lado anti-impeachment do Tribunal.

Na época, a tentativa de Gilmar falhou devido à reação de alguns blogs e das redes sociais. O julgamento foi salvo por um voto, quando Luiz Fux recusou-se a votar com Gilmar pela não aprovação das contas.

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Nem o fato de ter sido salva na undécima hora tirou a presidente e seu ministro da letargia.

Agora, o TSE ataca de um lado com decisões inéditas, descabidas. Depois de analisar por meses as contas de Dilma, abre-se uma investigação aguardando exclusivamente as provas colhidas na Lava Jato. Ora, havendo provas, a própria Lava Jato se encarregará de encaminhar a denúncia para o Supremo. A única intenção do TSE foi manter acesa a fogueira da instabilidade política.

O TCU (Tribunal de Contas da União) ataca em outra frente, com esse impoluto Augusto Nardes. Apenas na véspera do julgamento o governo ousa algum gesto de defesa. E o país fica à espera, enquanto a crise econômica se aprofunda pela falta de governabilidade.

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Quando a Lava Jato irrompeu no cenário político, ficava nítida a necessidade de uma ação de governo, em conjunto com a Procuradoria Geral da República e com o STF, para garantir a punição aos envolvidos, mas preservando a economia.

A AGU (Advocacia Geral da União) ficou sozinha no trabalho de encontrar saídas, propondo acordos de leniência que não avançavam. Em todo esse período, não se viu uma iniciativa sequer do ministro da Justiça visando buscar uma solução para a parte econômica.

A teimosia de Dilma em manter seu ministro é uma desconsideração clamorosa para com juristas, políticos, jornalistas que montaram espontaneamente a linha de frente contra o golpe.


(***) FONTE: Conexão Jornalismo


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