O cenário é
nítido, aponta Luis Nassif: "Em uma das pontas, um exército disposto a
tudo para derrubar o governo e, de outro, a inércia política". Os inimigos
do governo são mais do que sabidos, e o jornalista repete seus nomes e armações
golpistas. Mas as críticas mais duras se voltam contra Dilma & Cia:
"Tem-se
um governo politicamente tão incompetente e sem ação como nunca se viu na
história do país após a Segunda Guerra. Os golpes são anunciados com meses de
antecedência e não se vê uma medida sequer da parte do Palácio do Planalto,
quanto mais uma estratégia pensada."
As pancadas
mais fortes, contudo, ainda estão reservadas para o ministro da Justiça. Leia
na íntegra:
Por Luis Nassif, no GGN
Há duas
posturas contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff: um pequeno grupo dos que
aprovam o governo em qualquer hipótese; e o grupo dos que, mesmo sendo críticos
em relação a ele, encaram o impeachment como golpe contra a democracia.
De fato,
significaria tirar do país o único grande diferencial positivo em relação aos
demais emergentes: uma democracia que se acredita consolidada.
***
Tem-se, em
uma das pontas, um exército disposto a tudo para derrubar o governo. Fazem
parte dele uma oposição que perdeu o rumo, autoridades judiciais, como Gilmar
Mendes, falsos varões de Plutarco como Aécio Neves e Agripino Maia, uma mídia
enlouquecida, disposta a tudo, até a desorganizar totalmente a economia por um
governo que a salve de uma crise estrutural.
***
Na outra
ponta, tem-se um governo politicamente tão incompetente e sem ação como nunca
se viu na história do país após a Segunda Guerra.
Os golpes
são anunciados com meses de antecedência e não se vê uma medida sequer da parte
do Palácio do Planalto, quanto mais uma estratégia pensada.
A manutenção
de José Eduardo Cardozo no cargo de ministro da Justiça é incompreensível.
Trata-se do pior ministro da Justiça da história em uma das fases politicamente
mais conturbadas.
***
No final do
ano passado, quando Gilmar Mendes e Dias Toffoli ousaram o "golpe
paraguaio" através do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não se viu um
movimento sequer da parte de Cardozo.
Não se vá
desculpar Toffoli, mas sua decisão de distribuir os processos eleitorais de
Dilma para Gilmar Mendes foi pura represália à desconsideração com que foi
tratado por ela, recusando-se a recebê-lo quando a procurou para alertar para a
necessidade de renovar o mandato prestes a vencer no Tribunal.
Tendo o
poder da caneta na mão, Dilma sequer foi alertada por Cardozo, da importância
de fortalecer o lado anti-impeachment do Tribunal.
Na época, a
tentativa de Gilmar falhou devido à reação de alguns blogs e das redes sociais.
O julgamento foi salvo por um voto, quando Luiz Fux recusou-se a votar com
Gilmar pela não aprovação das contas.
***
Nem o fato
de ter sido salva na undécima hora tirou a presidente e seu ministro da
letargia.
Agora, o TSE
ataca de um lado com decisões inéditas, descabidas. Depois de analisar por
meses as contas de Dilma, abre-se uma investigação aguardando exclusivamente as
provas colhidas na Lava Jato. Ora, havendo provas, a própria Lava Jato se
encarregará de encaminhar a denúncia para o Supremo. A única intenção do TSE
foi manter acesa a fogueira da instabilidade política.
O TCU
(Tribunal de Contas da União) ataca em outra frente, com esse impoluto Augusto
Nardes. Apenas na véspera do julgamento o governo ousa algum gesto de defesa. E
o país fica à espera, enquanto a crise econômica se aprofunda pela falta de
governabilidade.
***
Quando a
Lava Jato irrompeu no cenário político, ficava nítida a necessidade de uma ação
de governo, em conjunto com a Procuradoria Geral da República e com o STF, para
garantir a punição aos envolvidos, mas preservando a economia.
A AGU
(Advocacia Geral da União) ficou sozinha no trabalho de encontrar saídas,
propondo acordos de leniência que não avançavam. Em todo esse período, não se
viu uma iniciativa sequer do ministro da Justiça visando buscar uma solução
para a parte econômica.
A teimosia
de Dilma em manter seu ministro é uma desconsideração clamorosa para com
juristas, políticos, jornalistas que montaram espontaneamente a linha de frente
contra o golpe.
(***) FONTE: Conexão
Jornalismo
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