Líder na
produção de petróleo terrestre nacional, com representação de 31% do total, e
passada a frustração com a 13ª Rodada de Licitações da ANP, onde apenas seis
dos 71 blocos ofertados na Bacia Potiguar foram arrematados, o Rio Grande do
Norte volta suas atenções aos investimentos e dificuldades do segmento nos
próximos cinco anos. De acordo com especialistas, será preciso reavaliar
projetos, diminuir a dependência da Petrobras e fortalecer a prestação de
serviços à outras operadoras.
O insucesso
no leilão não significa limitações diretas a curto prazo, pois, os
investimentos acertados pelas empresas vencedoras ocorrerão ao longo dos
próximos cinco anos, época caracterizada pelo Programa Exploratório – que
compreende sísmicas e estudos técnicos – até a perfuração de poços e atividades
para produção. Contudo, o atual cenário de crise, o desinteresse de grandes
operadoras internacionais no Estado e nula participação da Petrobras no certame
despertam preocupações.
“O que preocupa
é a falta de certeza quanto ao investimento da Petrobras nos campos produtores
atuais, a falta de uma política de incentivo à revitalização e prolongamento
dos perfis de produção da Bacia Potiguar e sobretudo a ausência de um
direcionamento estratégico quanto à cadeia produtiva que se formou ao longo de
quatro décadas no RN e corre o risco de se perder por inanição”, analisou
Jean-Paul Prates, diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos
Naturais e Energia (CERNE) e especialista em petróleo.
Ainda
segundo Prates, é preciso ampliar a política local e nacional de incentivo,
incluindo também projeto de composição entre o portfólio da Petrobras e das
empresas independentes já operantes no RN. “A bacia vem decaindo na atração de
investimento há pelo menos 5 anos. Há que se pensar e discutir quais são os
fatores que resultam nisso. A Petrobras é o principal investidor e operador da
região e não me parece muito entusiasmada em investir mais do que o básico, a
manutenção”, comentou.
Para Elói
Fernández y Fernández, diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do
Petróleo (Onip), apesar do modesto resultado da Rodada, os certames precisam
ter seguimento e manutenção. “Foi diferente, porque em todos os outros anos, a
Petrobras entrou de forma intensa nos leilões, inclusive no on-shore. Isso,
mostra que a realidade hoje é uma situação diferente. Mas, o principal fator
para o continuidade do mercado é a existência do leilão. Essa regularidade é
fundamental”, declarou.
E, neste
leilão, diferentemente da 11ª Rodada, realizada em 2013, onde pequenos e médios
operadores misturaram-se à gigantes como Petrobras, OGX, Exxon Mobil, Petrogal,
em 2015 eles foram protagonistas. No caso do Rio Grande do Norte, a Imetame, a
Geopark Brasil, a Phoenix e a UTC Óleo e Gás demonstraram seu interesse no solo
potiguar e ampliaram seus portfólios. “A manutenção de mais um bloco no Estado
está dentro da nossa estratégia de mercado e, confirmando o sucesso econômico
esperado, poderemos solidificar uma posição no RN”, afirmou Roberto Baptista,
diretor da Imetame.
Tal intenção
produtiva é comemorada pelo Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras
(Sindipetro/RN). “A chegada ou ampliação da presença de outras empresas no
setor de petróleo no RN, desenvolvendo atividades de exploração e produção,
tende a reduzir os impactos negativos decorrentes da decisão da Petrobras de
cortar investimentos e concentrar
recursos na área do pré-sal, principalmente, com relação à geração de
empregos”, disse, em nota.
(***) FONTE: Tribuna do Norte
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