Mais
uma para ser explicada por governos do PSDB
Após ter
assinado acordo de leniência com o Ministério Público Federal, a Camargo Corrêa
se encontra praticamente livre da Operação Lava Jato. Seus executivos, com
exceção de João Auler, fizeram delações premiadas e tiveram as condenações
reduzidas a cumprimento de pena em regime domiciliar. No entanto, um exame
detalhado nas buscas e apreensões de documentos encontrados na casa do
ex-presidente da empresa, Dalton dos Santos Avancini, mostra que se houver
interesse dos órgãos de investigação de São Paulo, ainda há muita lenha para
queimar. Suspeitas envolvem o governo de Geraldo Alckmin. Leia a reportagem:
Por: Fernando Brito, no Tijolaço
A revelação
pela Carta Capital - e só por ela, até agora - que o relatório da Polícia
Federal aponta uma "taxa" de 5,6% para a "administração
central" em uma obra de rebaixamento da calha do Rio Tietê realizada pela
Camargo Correia começa a apontar para um escândalo de grandes dimensões também
nesta área do governo paulista.
Em junho de
2006, a Folha publicou reportagem sobre os aumentos de preço considerados
"absurdos" pelo Tribunal de Contas de São Paulo - habitualmente dócil
aos governos tucanos.
A
"festa" começou com uma majoração de 148% no contrato de
gerenciamento da obra, que envolve, entre outras atividades, as medições pelas
quais as empreiteiras são pagas, isso aceitando-se a explicação de Alckmin
sobre os valores:
"O
consórcio Enger-CKC, contratado pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia
Elétrica do Estado de São Paulo), deveria receber R$ 18,6 milhões pelo trabalho
de consultoria para apoio ao gerenciamento geral da implantação das obras de
rebaixamento da calha do Tietê - que envolve, entre outras coisas, a realização
de medições dos serviços feitos. O montante triplicou e subiu para R$ 59,3
milhões (219% a mais), segundo auditoria do TCE. O governo Alckmin, porém, diz
que os aditivos foram de R$ 27,6 milhões - sendo os R$ 13,1 milhões da
diferença apenas reajustes já previstos em contrato, com base em indicadores da
Fipe".
Dalton
Avancini chega para depoimento na CPI da Petrobras, em maio: documento apreendido
com ele pode basear investigação em São Paulo
O contrato
foi julgado irregular e há, desde 2005, um decreto legislativo - que o anula -
dormindo nas gavetas da Assembleia paulista.
Há ainda uma
pendência de R$ 153 milhões, segundo se publica no Diário Oficial de São Paulo,
envolvendo as empreiteiras, o Processo Arbitral 16577/JRF:
"Fazendo
uso do direito que lhe é dado através da cláusula XXIII do contrato nº
2002/22/00042.5 assinado com o DAEE em 28/02/2002, o Consórcio Camargo
Corrêa/Enterpa/Serveng, responsável pela execução das obras no trecho do rio
Tietê denominado Lote 4, interpôs em 31/08/09, junto ao Tribunal Arbitral da ICC
- International Chamber of Commerce - processo arbitral para solução de
controvérsias que se desenvolveram ao longo da execução do contrato, e que já
haviam sido discutidas administrativamente no decorrer dos fatos, sem que se
tenha chegado a acordo. O valor da reclamação é da ordem de R$ 44.000.000,00
(quarenta e quatro milhões de reais)."
A Serveng,
integrante do consórcio, doou R$ 2,8 milhões para a última campanha de Alckmin,
em 2014. Em 2010, foi a própria Camargo Corrêa que doou R$ 2,5 milhões. Ou 5,6%
da diferença de R$ 44 milhões.
Isso, claro,
não faz de Alckmin automaticamente "culpado" de receber propinas em
troca de acordos em obras, mas a mesma regra vale para todos.
E isso torna
obrigatório que o principal executivo da Camargo Corrêa seja interrogado sobre
o que significa a "taxa" para a "administração central" de
São Paulo.
Ou será que
isso não vem ao caso?
(***) FONTE: Conexão Jornalismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário