domingo, 20 de setembro de 2015

OBRA DA CAMARGO CORRÊA COM "TAXA" AO GOVERNO PAULISTA APRESENTA IRREGULARIDADE DE 148%


Mais uma para ser explicada por governos do PSDB

Após ter assinado acordo de leniência com o Ministério Público Federal, a Camargo Corrêa se encontra praticamente livre da Operação Lava Jato. Seus executivos, com exceção de João Auler, fizeram delações premiadas e tiveram as condenações reduzidas a cumprimento de pena em regime domiciliar. No entanto, um exame detalhado nas buscas e apreensões de documentos encontrados na casa do ex-presidente da empresa, Dalton dos Santos Avancini, mostra que se houver interesse dos órgãos de investigação de São Paulo, ainda há muita lenha para queimar. Suspeitas envolvem o governo de Geraldo Alckmin. Leia a reportagem:


Por: Fernando Brito, no Tijolaço

A revelação pela Carta Capital - e só por ela, até agora - que o relatório da Polícia Federal aponta uma "taxa" de 5,6% para a "administração central" em uma obra de rebaixamento da calha do Rio Tietê realizada pela Camargo Correia começa a apontar para um escândalo de grandes dimensões também nesta área do governo paulista.


Em junho de 2006, a Folha publicou reportagem sobre os aumentos de preço considerados "absurdos" pelo Tribunal de Contas de São Paulo - habitualmente dócil aos governos tucanos.

A "festa" começou com uma majoração de 148% no contrato de gerenciamento da obra, que envolve, entre outras atividades, as medições pelas quais as empreiteiras são pagas, isso aceitando-se a explicação de Alckmin sobre os valores:

"O consórcio Enger-CKC, contratado pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo), deveria receber R$ 18,6 milhões pelo trabalho de consultoria para apoio ao gerenciamento geral da implantação das obras de rebaixamento da calha do Tietê - que envolve, entre outras coisas, a realização de medições dos serviços feitos. O montante triplicou e subiu para R$ 59,3 milhões (219% a mais), segundo auditoria do TCE. O governo Alckmin, porém, diz que os aditivos foram de R$ 27,6 milhões - sendo os R$ 13,1 milhões da diferença apenas reajustes já previstos em contrato, com base em indicadores da Fipe".


Dalton Avancini chega para depoimento na CPI da Petrobras, em maio: documento apreendido com ele pode basear investigação em São Paulo

O contrato foi julgado irregular e há, desde 2005, um decreto legislativo - que o anula - dormindo nas gavetas da Assembleia paulista.

Há ainda uma pendência de R$ 153 milhões, segundo se publica no Diário Oficial de São Paulo, envolvendo as empreiteiras, o Processo Arbitral 16577/JRF:

"Fazendo uso do direito que lhe é dado através da cláusula XXIII do contrato nº 2002/22/00042.5 assinado com o DAEE em 28/02/2002, o Consórcio Camargo Corrêa/Enterpa/Serveng, responsável pela execução das obras no trecho do rio Tietê denominado Lote 4, interpôs em 31/08/09, junto ao Tribunal Arbitral da ICC - International Chamber of Commerce - processo arbitral para solução de controvérsias que se desenvolveram ao longo da execução do contrato, e que já haviam sido discutidas administrativamente no decorrer dos fatos, sem que se tenha chegado a acordo. O valor da reclamação é da ordem de R$ 44.000.000,00 (quarenta e quatro milhões de reais)."

A Serveng, integrante do consórcio, doou R$ 2,8 milhões para a última campanha de Alckmin, em 2014. Em 2010, foi a própria Camargo Corrêa que doou R$ 2,5 milhões. Ou 5,6% da diferença de R$ 44 milhões.

Isso, claro, não faz de Alckmin automaticamente "culpado" de receber propinas em troca de acordos em obras, mas a mesma regra vale para todos.

E isso torna obrigatório que o principal executivo da Camargo Corrêa seja interrogado sobre o que significa a "taxa" para a "administração central" de São Paulo.

Ou será que isso não vem ao caso?

(***) FONTE: Conexão Jornalismo


Nenhum comentário: