quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A CIRANDA MALUCA DE ESCURINHO


Por: Yuno Silva
Em: Tribuna do Norte

O paraibano Chico César sabe o que fala, não dá ponto sem nó e fornece pistas importantes para se conhecer o trabalho do percussionista, cantor e compositor Escurinho: “Ele é griô. Hip hop ancestral. África e Nordeste indissociáveis no quilombo do corpo e do canto. É coqueiro da periferia, dos conjuntos habitacionais nordestinos onde alguns filhos do sertão improvisam a música e a vida. Escurinho entre eles, porta-voz desassombrado. Meu irmão desde antes da lei do ventre-livre”.

Pernambucano de Serra Talhada, radicado em João Pessoas desde o início dos anos 1980, Escurinho circula pelas principais cidades do Nordeste para divulgar seu mais recente disco: “Ciranda de Maluco volume 1”, o quatro da carreira.


O álbum desdobra em estúdio experimentos e improvisos que ganharam forma na rua, palco do projeto homônimo que o artista desenvolve em praças da capital da Paraíba desde 2012. “Esse trabalho sela a série de shows que faço uma vez por mês em João Pessoa, onde convido uma banda para fazer versões de minhas músicas e vice-versa”, disse Escurinho em visita a redação da TRIBUNA DO NORTE.

Por enquanto o músico, que se apresentou na edição 2001 do Festival Mada, não tem shows agendados em Natal, mas adianta que há articulações para o mês de outubro. “Ainda não tem nada confirmado, melhor deixar para falar disso depois”, despista.

Com quase 30 anos de estrada, Escurinho acumula experiência como percussionista na banda de Chico César, no grupo Jaguaribe Carne, turnês pela Europa e seu trabalho solo aponta para um horizonte de novidades que funde tradição e contemporaneidade: performático, sua musicalidade mistura poesia urbana de caráter social com ritmos que vão do xote ao reggae, do experimentalismo ao rock, do forró ao baião, do caboclinho ao reizado, dos ritmos afros e tribais, do maracatu ao coco de embolada.

“Minha música vem da experiência com meu pai, que se apresentava cantando em festas, e de minha convivência com manifestações populares”, ressalta o artista.

O lançamento de “Ciranda de Maluco Volume 1”, viabilizado do edital Fundo de Incentivo a Cultura Augusto dos Anjos, da Paraíba, reúne parte do repertório apresentado durante o projeto dos shows também marca o início de um novo ciclo: após 18 anos acompanhado pelo mesmo power trio, Escurinho festeja a nova banda com uma formação turbinada pela presença de trompete, trombone e reforço percussivo.


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