Por: Yuno Silva
Em: Tribuna do Norte
O paraibano
Chico César sabe o que fala, não dá ponto sem nó e fornece pistas importantes
para se conhecer o trabalho do percussionista, cantor e compositor Escurinho:
“Ele é griô. Hip hop ancestral. África e Nordeste indissociáveis no quilombo do
corpo e do canto. É coqueiro da periferia, dos conjuntos habitacionais
nordestinos onde alguns filhos do sertão improvisam a música e a vida.
Escurinho entre eles, porta-voz desassombrado. Meu irmão desde antes da lei do
ventre-livre”.
Pernambucano
de Serra Talhada, radicado em João Pessoas desde o início dos anos 1980,
Escurinho circula pelas principais cidades do Nordeste para divulgar seu mais
recente disco: “Ciranda de Maluco volume 1”, o quatro da carreira.
O álbum
desdobra em estúdio experimentos e improvisos que ganharam forma na rua, palco
do projeto homônimo que o artista desenvolve em praças da capital da Paraíba
desde 2012. “Esse trabalho sela a série de shows que faço uma vez por mês em
João Pessoa, onde convido uma banda para fazer versões de minhas músicas e
vice-versa”, disse Escurinho em visita a redação da TRIBUNA DO NORTE.
Por enquanto
o músico, que se apresentou na edição 2001 do Festival Mada, não tem shows
agendados em Natal, mas adianta que há articulações para o mês de outubro.
“Ainda não tem nada confirmado, melhor deixar para falar disso depois”,
despista.
Com quase 30
anos de estrada, Escurinho acumula experiência como percussionista na banda de
Chico César, no grupo Jaguaribe Carne, turnês pela Europa e seu trabalho solo
aponta para um horizonte de novidades que funde tradição e contemporaneidade:
performático, sua musicalidade mistura poesia urbana de caráter social com
ritmos que vão do xote ao reggae, do experimentalismo ao rock, do forró ao
baião, do caboclinho ao reizado, dos ritmos afros e tribais, do maracatu ao
coco de embolada.
“Minha
música vem da experiência com meu pai, que se apresentava cantando em festas, e
de minha convivência com manifestações populares”, ressalta o artista.
O lançamento
de “Ciranda de Maluco Volume 1”, viabilizado do edital Fundo de Incentivo a
Cultura Augusto dos Anjos, da Paraíba, reúne parte do repertório apresentado
durante o projeto dos shows também marca o início de um novo ciclo: após 18
anos acompanhado pelo mesmo power trio, Escurinho festeja a nova banda com uma
formação turbinada pela presença de trompete, trombone e reforço percussivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário