Por: Yuno Silva
Olá,
vizinho. Como vai? Muito bem, espero! Quem lhe escreve é o Museu Câmara
Cascudo, seu vizinho de longa data. Talvez você não se lembre de mim e confesso
que não sou o vizinho mais adequado quando você precisa de uma xícara de açúcar
ou um pacote de café. Mas se você precisar de uma dose de fósseis de preguiça
gigante ou um pacotinho de peças indígenas para alimentar sua fome de
conhecimentos, eu sou o cara!”
Assim começa
a carta que a equipe do mais antigo museu do Rio Grande do Norte criado em 1973
distribuiu nas redondezas onde está instalado o equipamento cultural, no Tirol.
O convite é estendido a toda a cidade, e destaca as três exposições temporárias
em cartaz e demais atividades que movimentam este sábado (26) e domingo (27):
“Estarei com uma programação especial a partir das 13h, e no sábado ficarei
aberto até às 22h! Ou seja, você não tem desculpas para não aparecer”,
prossegue a carta, que também avisa sobre a presença de food trucks, e
apresentações de dança e música no estacionamento ao longo de todo o sábado. O
acesso é gratuito.
A iniciativa
busca aproximar o MCC do cotidiano das pessoas, ao mesmo tempo que convida a
população para o encerramento do ciclo da 9ª Primavera dos Museus – evento
promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus/MinC em todo o país. O tema deste
ano é “Museus e Memórias Indígenas” e as exposições “Étnicos: recuperando
histórias”, com curadoria de Juçara Galhardo, e “Domesticando a selva”,
organizada por Glaudson Albuquerque, contextualizam o assunto. Ambas ficam em
cartaz até início de dezembro.
O público
ainda poderá conferir “Xico Santeiro – Uma Escola de Arte Popular”, mostra
composta por 170 peças de um dos mais importante ícones da arte popular
brasileira nascido em Santo Antônio do Salto da Onça no final do século 19. A
exposição tem curadoria do pesquisador Everardo Ramos, e permanece aberta a
visitas até o dia 28 de novembro.
Vale lembrar
que o MCC passou por uma reforma geral, está mais moderno e organizado: nova
recepção, salas climatizadas e melhorias na iluminação. O espaço ainda não está
funcionando com 100% de sua capacidade, muitos espaços expositivos estão
funcionando como depósito e boa parte do acervo está armazenado na reserva
técnica. Os visitantes são guiados por monitores das áreas de História, Turismo
e Pedagogia.
Ingredientes indígenas
Outras duas
atrações bastante populares do museu, a sala de anatomia comparada com
esqueletos de baleia, elefante, búfalo, entre outros animais; e a réplica de
caverna, que terá visita noturna guiada, completam o cardápio de opções. “As
pessoas procuravam, perguntavam muito pelos esqueletos, e o museu resolver
abrir a sala de forma ainda provisória (com ventiladores e sem painéis
informativos)”, disse Glaudson Albuquerque, graduando do curso de Biologia e
bolsista de Divulgação Científica.
Como
Glaudson vem da área de Biologia, sua pesquisa sobre “domesticação de
alimentos” cria uma ponte com a temática indígena ao tratar do desenvolvimento
e disseminação do cultivo de culturas como as de mandioca, abacaxi,
pimenta-de-cheiro, amendoim e castanha-do-pará na região Amazônica.
Albuquerque
informou que, hoje e amanhã, às 16h, haverá degustação de alimentos preparados
à base de ingredientes indígenas como geleia de abacaxi, mousse de açaí,
tapioca e polenta sob coordenação de Silena Rocha. Também está confirmada a
presença de Dona Albanita Pereira, conhecedora de ervas medicinais, que irá
compartilhar conhecimentos sobre ervas medicinais.
Projeto piloto
A museóloga
Jacqueline Souza ressaltou que a programação especial deste fim de semana
servirá como teste, piloto de um projeto que prevê a diversificação das
atividades e da ampliação do horário de funcionamento. “Nossa ideia é tornar o
museu mais atraente como um espaço cultural de lazer para toda a família. Vamos
sentir como será a resposta do público para então nos planejarmos”.
Normalmente
o Museu funciona de terça a sexta das 9h às 17h, e aos sábados das 13h às 17h,
e ainda não foi definida uma nova data para outra ocupação como a que será
vista este fim de semana.
A museóloga
disse que o MCC emplacou seis propostas simples, baratas e relevantes em um
edital interno da UFRN: melhorias na sala de anatomia comparada; reabertura da
exposição sobre engenhos; criação de catálogo e montagem de exposição do escultor
Etevaldo, de Ceará Mirim; organização e digitalização de grande parte do acervo
fotográfico; exposição dos instrumentos científicos utilizados nos anos 1960 e
70 pelos técnicos do MCC; e montagem do estande do museu na Cientec, que
acontece agora em outubro, onde serão apresentadas propostas como o projeto
“Ciência à La Carte” – iniciativa que oferece um cardápio de opções educativas
para escolas interessadas em organizar visitas personalizadas ao museu.
“O Museu
Câmara Cascudo precisa fortalecer seus laços com a comunidade, e uma das
maneiras de efetivar essa aproximação é investir na diversificação da
programação e no fortalecimento de programas como o de Divulgação Científica.
Na medida que incrementamos as exposições, podemos associar nossa programação a
ocupações como a que vai acontecer neste sábado e domingo”, finaliza Maria de
Fátima Cavalcante Ferreira dos Santos, atual diretora do MCC.
Serviço
Encerramento
do evento 9ª Primavera dos Museus, no Museu Câmara Cascudo – Av. Hermes da
Fonseca, 1398, Tirol.
Acesso
gratuito.
Informações:
3342-4903.
PROGRAMAÇÃO
Sábado, 26
13h00 –
abertura do Museu e almoço nos food trucks
14h30 – show
de Mayara Mirths (voz e violão)
16h00 –
degustação “Domesticando os alimentos”
16h30 –
performance com o grupo Action Cia de Dança
18h00 – show
com Guilherme Bezerra e Luiz Gustavo
19h00 às 22h00–
Visita noturna guiada pela réplica de caverna
Domingo, 27
13h00 –
abertura do Museu
16h00 –
degustação “Domesticando os alimentos”
Nenhum comentário:
Postar um comentário