O
articulista Janio de Freitas fez a análise da situação, após "o
Congresso" ter dado OK para uma coleção de vetos da presidenta da
República. Mas, como sempre (tratando-se de PMDB), o preço é alto: "Na
realidade, uma chantagem política, urdida passo a passo, por meses, até o
governo sentir-se em sua penúltima hora. (...) Visto como um gesto altruísta de
Michel Temer, ou de ressentimento desse peemedebista com ares de esfinge, a
recusa em fazer indicações na mudança do ministério foi, de fato, o abandono de
Dilma às feras." Leia o artigo:
Por Fernando
Brito, no Tijolaço - Dificilmente se encontraria para descrever as
circunstâncias políticas por que passa, com grandes dificuldades, a presidenta
Dilma Rousseff do que aquela contida no artigo 158 do Código Penal:
"Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar fazer alguma coisa".
Substituída
a vantagem econômica por política - e nem sempre se substitui, como sabemos - a
narrativa penal é precisa.
Levada a
este ponto por erros próprios do isolamento, sim, mas todos eles pequenos ante
a guerra político-midiática que destroça a economia e não se deteve nem mesmo
com o resultado das urnas, é assim que se tem de avaliar e definir os caminhos
políticos de sobrevivência da democracia e de nossos direitos.
A construção
de um ambiente histérico de moralismo que - a começar pela ação dos jornais
sobre a classe média - prescinde de provas e seu julgamento, ironicamente,
favorece a exacerbação dos mecanismos de sobrevivência política que,
alegadamente, se diz combater.
E, então, o
governo cede e dá parcelas de si próprio senão, na expressão popular, como diz
Janio...
Ou desce
Janio de Freitas, na Folha
Na
aparência: um PMDB que decide salvar o "ajuste fiscal" e o governo,
curvando-se a dezenas de vetos presidenciais a medidas só aprovadas pelo
Congresso porque sustentadas pelo mesmo PMDB. Na realidade, uma chantagem
política, urdida passo a passo, por meses, até o governo sentir-se em sua
penúltima hora. E entregar, entregar-se, ao PMDB que lhe disse o que queria e o
que fazer, para ser salvo na salvação do seu "ajuste". O PMDB em
plena forma.
Visto como
um gesto altruísta de Michel Temer, ou de ressentimento desse peemedebista com
ares de esfinge, a recusa em fazer indicações na mudança do ministério foi, de fato,
o abandono de Dilma às feras: "negociação", só com a bancada na
Câmara. Além de feras peemedebistas, centuriões de Eduardo Cunha. Jogo decido
antes de começar.
Para esse
PMDB, impeachment ou não, pouca diferença faz. O PMDB deu-lhe uma derrubada como
efeito colateral, na ocasião mesma em que Aécio propalava negociações para a
adesão dos peemedebistas à derrubada de Dilma. Tal efeito não alivia tanto as
expectativas de Dilma, porque suas possíveis dificuldades vêm mais da Justiça
Eleitoral e do Tribunal de Contas da União do que de Aécio e seus aprendizes de
golpistas. Alteram, porém, o confronto de forças políticas, em favor de Dilma.
Certa
turbulência continua, no entanto. Mas com o PMDB instalado em conforto no
governo, sobre um colchão de R$ 106 bilhões da saúde e outros bilhões menos
visíveis e também divisíveis, a configuração geral fica menos agitada e menos
difusa. Por quanto tempo, só o PMDB poderia sugerir. E não diz.
(***) FONTE: Conexão Jornalismo
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