Difícil
imaginar a situação que vivemos no Congresso Nacional em "países
sérios". O presidente da principal casa legislativa do Brasil acumula
suspeitas e acusações graves em seu currículo. Mas continua a cantar de galo,
com ímpeto e arrogância, a mandar e desmandar em determinadas esferas políticas
e até a influir na escolha de ministros pelo governo federal. Agora, com a
manifestação de autoridades suíças, os indícios de atividades criminosas se
tornam provas incontestes. Mas será que mesmo assim Eduardo Cunha vai continuar
a reinar triunfante e fazer estragos, até o momento de sua inevitável queda? Veja
as cifras passadas pelo Banco Julius Baer relativas às aplicações milionárias
do deputado e outras considerações sobre o Caso Cunha:
Segundo
informações passadas pelo banco às autoridades suíças, existem quatro contas
abertas na instituição financeira em nome de empresas offshore ligadas ao
presidente da Câmara, à sua mulher, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, e a uma
das filhas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Uma das
contas foi aberta em 2008, mas o dinheiro não aparece no imposto de renda de
Cunha, que nega ter contas no exterior...
O valor é
menor do que a propina mencionada pelo delator Julio Camargo, que afirmou ter
dado ao peemedebista US$ 5 milhões, referentes a um contrato de navios-sondas
para a Petrobras.
Os US$ 2,4
milhões (R$ 9,3 milhões), aplicados em fundos de investimentos, foram
bloqueados pelo Banco Julius Baer.
Informações
detalhadas sobre as contas foram encaminhadas à nossa Procuradoria-Geral da
República no final da tarde desta quarta-feira (7), por malote diplomático.
Mínimos detalhes
O dinheiro
que seria de Eduardo Cunha e família está bloqueado desde abril, quando o
próprio Julius Baer reportou as suspeitas de origem ilícita dos valores ao
escritório do procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. O Ministério Público
do país europeu instaurou um inquérito contra Cunha por suspeita de corrupção
ativa e lavagem de dinheiro.
O
parlamentar brasileiro foi devidamente informado sobre o bloqueio das contas,
segundo a Procuradoria suíça. Além dos extratos bancários, o Julius Baer
entregou às autoridades de Berna a documentação completa de abertura das
contas: formulários preenchidos e assinados, cópias de documentos e
comprovantes de endereço dos beneficiários finais.
Todo este
material está em um DVD enviado a Brasília, junto com um relatório da
investigação conduzida pela equipe de Lauber e cópia dos ofícios trocados pelos
procuradores brasileiros e suíços quanto à transferência do inquérito para o
Brasil.
Para evitar
risco de nulidade no compartilhamento de provas, a Procuradoria suíça optou por
enviar o material por malote diplomático, evitando o caminho habitual de
cooperação, que seria o envio pelo correio ao Departamento de Recuperação de
Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça.
Assim sendo...
Ninguém pede
que o presidente da Câmara siga o "padrão oriental", em que é (ou
era) relativamente comum políticos e empresários flagrados em ilícito darem um
tiro no peito ou na cabeça, para sair de cena com a imagem um pouco menos
corrompida.
Mas seria muito
natural se alguém que ocupa cargo tão importante na estrutura dos Poderes de
uma nação se sentisse desconfortável com sua permanência no posto, após tamanha
exposição pública negativa. E jogasse a toalha.
Contudo, é
pouco provável que Cunha largue o osso, ao qual se agarrou no início do ano com
tanta satisfação e volúpia. Para ele cair, ao que parece, terá que haver uma
pressão muito maior da sociedade. Ou então, com o agravamento da coisa, os
próprios aliados políticos e da mídia haverão de expeli-lo - talvez com asco e
ingratidão...
(***) FONTE: Conexão
Jornalismo
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