Enquanto em
1936, RN já tinha mulheres imortais, a ABL fundada muito antes, aceitaria a
presença feminina 40 anos depois do RN
Prestes a
completar 80 anos, a Academia Norte-rio-grandense de Letras é pioneira no país,
não pela sua fundação, datada de 14 de novembro de 1936, mas pela sua abertura
às mulheres. Lar de imortais potiguares responsáveis por importantes obras
literárias e culturais no estado, a ANL foi a primeira no Brasil a aceitar
mulheres em suas cadeiras.
Enquanto em
1936, o RN já tinha mulheres imortais, a Academia Brasileira de Letras, fundada
muito antes, em 1897, passaria a aceitar a presença feminina somente 40 anos
depois do RN, com a titulação da escritora Raquel de Queiroz.
“Enquanto o
resto do país fechava as portas para as mulheres, o RN já se despia de
preconceitos e tinha grandiosos nomes femininos na sua galeria, como os de
Nísia Floresta, Isabel Gondim, Alta de Souza, Palmira Wanderley e Carolina Wanderley”,
destaca o atual presidente da instituição e também imortal, Diógenes da Cunha
Lima.
Nascida da
vontade de intelectuais de criar um espaço para discussão cultural, a academia
teve como primeira sede a própria casa do escritor e historiador Luiz da Câmara
Cascudo. A ele, juntamente com o também escritor Henrique Castriciano, é
atribuída a fundação da instituição, tendo sido o próprio Henrique o primeiro
presidente.
Na década de
1970, academia ganhou nova sede, localizada na Rua Mipibu, no bairro de
Petrópolis, zona Leste de Natal, local em que permanece até hoje. O terreno foi
doado pelo então governador Silvio Pedrosa e o prédio foi erguido com esforços
do escritor Manoel Rodrigues de Melo, nome que posteriormente viria a batizar a
nova sede.
Para
Diógenes da Cunha Lima, a ANL é peça fundamental na formação cultural do
estado, especialmente em função do apoio a diversos segmentos culturais e
artísticos. “Nesses quase 80 anos, não há nada relacionado à cultura do RN que
a academia não tenha participado”, enaltece ele.
Imortais
Atualmente,
a ANL possui 40 cadeiras, quatro delas ocupadas por mulheres. Nomes como os de
Sônia Faustino, Diva Cunha, Leide Câmara, Eulália de Barros, Paulo Macedo,
Itamar de Souza e de Pedro Vicente Costa estão entre os notáveis acadêmicos.
Para se
tornar um imortal da ANL, é preciso preencher alguns critérios. Não há idade
mínima para ocupar o posto, mas que é necessário ter ao menos dois livros
publicados, sendo um deles considerado como excelente por especialista da área.
Além da
análise curricular e das publicações, é feita uma ainda análise da conduta
ética do candidato no âmbito profissional e pessoal. “Os acadêmicos são bem
rigorosos nesse sentido, afinal de contas esta pessoa estará representando a
cultura do estado”, observa Diógenes da Cunha Lima.
O presidente
explica ainda que o membro da academia é chamado de imortal justamente pelo seu
papel enquanto intelectual, visto que sua obra jamais será esquecida. “Mas há
quem diga que, na verdade, a pessoa é chamada de imortal porque não tem onde
cair morto”, brincou.
Projetos
Ainda de
acordo com o imortal e presidente da ANL, a instituição também tem a
preocupação de estimular o gosto pela leitura e pela cultura do estado. Para
isso, a academia desenvolve, atualmente, o projeto Academia para Jovens.
O projeto
tem como objetivo, estimular a criação de academias em escolas públicas, nas
quais estudantes em formação possam discutir aspectos culturais do seu
cotidiano.
“Nós vamos
até as escolas, os alunos vem até aqui e fazemos este intercâmbio cultural,
muito importante para formação desses jovens que serão o futuro do nosso
estado”, comenta.
Diálogo com a modernidade
Mesmo com
todo o tradicionalismo característico da instituição, o imortal observa a
inserção da academia dentro os aspectos que compõem a modernidade. Segundo ele,
a principal característica da ANL é o pioneirismo.
“Estamos
sempre buscando a inovação, desde quando a academia foi fundada. Estamos na
fase de desenvolvimento de um site e engatinhando ainda nas redes sociais, mas
considero muito importante esse diálogo com essas novas plataformas de
comunicação. A Academia Norte-rio-grandense de Letras é uma jovem de 80 anos”,
conclui.
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