quarta-feira, 25 de novembro de 2015

ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE LETRAS É LAR PIONEIRO DE MULHERES IMORTAIS


Enquanto em 1936, RN já tinha mulheres imortais, a ABL fundada muito antes, aceitaria a presença feminina 40 anos depois do RN

Prestes a completar 80 anos, a Academia Norte-rio-grandense de Letras é pioneira no país, não pela sua fundação, datada de 14 de novembro de 1936, mas pela sua abertura às mulheres. Lar de imortais potiguares responsáveis por importantes obras literárias e culturais no estado, a ANL foi a primeira no Brasil a aceitar mulheres em suas cadeiras.

Enquanto em 1936, o RN já tinha mulheres imortais, a Academia Brasileira de Letras, fundada muito antes, em 1897, passaria a aceitar a presença feminina somente 40 anos depois do RN, com a titulação da escritora Raquel de Queiroz.


“Enquanto o resto do país fechava as portas para as mulheres, o RN já se despia de preconceitos e tinha grandiosos nomes femininos na sua galeria, como os de Nísia Floresta, Isabel Gondim, Alta de Souza, Palmira Wanderley e Carolina Wanderley”, destaca o atual presidente da instituição e também imortal, Diógenes da Cunha Lima.

Nascida da vontade de intelectuais de criar um espaço para discussão cultural, a academia teve como primeira sede a própria casa do escritor e historiador Luiz da Câmara Cascudo. A ele, juntamente com o também escritor Henrique Castriciano, é atribuída a fundação da instituição, tendo sido o próprio Henrique o primeiro presidente.

Na década de 1970, academia ganhou nova sede, localizada na Rua Mipibu, no bairro de Petrópolis, zona Leste de Natal, local em que permanece até hoje. O terreno foi doado pelo então governador Silvio Pedrosa e o prédio foi erguido com esforços do escritor Manoel Rodrigues de Melo, nome que posteriormente viria a batizar a nova sede.

Para Diógenes da Cunha Lima, a ANL é peça fundamental na formação cultural do estado, especialmente em função do apoio a diversos segmentos culturais e artísticos. “Nesses quase 80 anos, não há nada relacionado à cultura do RN que a academia não tenha participado”, enaltece ele.

Imortais


Atualmente, a ANL possui 40 cadeiras, quatro delas ocupadas por mulheres. Nomes como os de Sônia Faustino, Diva Cunha, Leide Câmara, Eulália de Barros, Paulo Macedo, Itamar de Souza e de Pedro Vicente Costa estão entre os notáveis acadêmicos.

Para se tornar um imortal da ANL, é preciso preencher alguns critérios. Não há idade mínima para ocupar o posto, mas que é necessário ter ao menos dois livros publicados, sendo um deles considerado como excelente por especialista da área.

Além da análise curricular e das publicações, é feita uma ainda análise da conduta ética do candidato no âmbito profissional e pessoal. “Os acadêmicos são bem rigorosos nesse sentido, afinal de contas esta pessoa estará representando a cultura do estado”, observa Diógenes da Cunha Lima.

O presidente explica ainda que o membro da academia é chamado de imortal justamente pelo seu papel enquanto intelectual, visto que sua obra jamais será esquecida. “Mas há quem diga que, na verdade, a pessoa é chamada de imortal porque não tem onde cair morto”, brincou.

Projetos


Ainda de acordo com o imortal e presidente da ANL, a instituição também tem a preocupação de estimular o gosto pela leitura e pela cultura do estado. Para isso, a academia desenvolve, atualmente, o projeto Academia para Jovens.

O projeto tem como objetivo, estimular a criação de academias em escolas públicas, nas quais estudantes em formação possam discutir aspectos culturais do seu cotidiano.

“Nós vamos até as escolas, os alunos vem até aqui e fazemos este intercâmbio cultural, muito importante para formação desses jovens que serão o futuro do nosso estado”, comenta.

Diálogo com a modernidade

Mesmo com todo o tradicionalismo característico da instituição, o imortal observa a inserção da academia dentro os aspectos que compõem a modernidade. Segundo ele, a principal característica da ANL é o pioneirismo.

“Estamos sempre buscando a inovação, desde quando a academia foi fundada. Estamos na fase de desenvolvimento de um site e engatinhando ainda nas redes sociais, mas considero muito importante esse diálogo com essas novas plataformas de comunicação. A Academia Norte-rio-grandense de Letras é uma jovem de 80 anos”, conclui.


(***) FONTE: Portal no Ar

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