Quando se
faz uso de um articulista político capaz de qualquer coisa para atender seu
pedido você poderá, num primeiro momento, "se dar bem", certo? Certo.
Mas o problema é que no bojo das traições, maledicências, intrigas,
assassinatos de reputação e outros ingredientes necessários para dar curso ao
projeto político, o agente que te ajudou poderá te trair. E, diz a história,
que ele irá traí-lo. É tudo uma questão de tempo. E esta é a certeza que toma o
Palácio do Planalto nestes tempos de interinidade de Temer. O nome do agente
traidor? Eduardo Cunha.
Não há dúvidas
de que, afastado oficialmente do poder e sendo obrigado a agir nos bastidores,
Eduardo Cunha está fragilizado. Ele é hoje 50% da força política que já
demonstrou possuir. E saiba que isso não é pouco. O ex-presidente da Câmara
carrega embaixo do braço, no sovaco mesmo, pelo menos 250 nomes de
parlamentares aos quais pagou dívidas de campanha. Com isso carrega segredos
capazes de levá-los a prisão algumas dezenas algumas vezes. Ninguém, desta
turma que compõe o baixo clero, portanto, irá brigar com ele.
Se fosse uma
guerra convencional diria-se que Cunha é o dono dos mísseis terra-terra;
terra-mar; terra-ar. Uma espécie de senhora da guerra dos novos tempos. Difícil
uma estrutura se manter de pé caso ele queira partir para o bombardeio. E não
será fácil resistir a ele mesmo que haja uma ação de enfrentamento. Cunha
revelou ter força no ambiente político, jurídico e da mídia.
Temer achou,
inicialmente, que tirá-lo do círculo oficial do Planalto tão logo tomou posse
seria indispensável e possível. Pensou que com isso ganharia legitimidade para
mostrar isenção do ambiente da corrupção. Imaginou ainda que a majestade do
cargo funcionaria como um repelente contra mosquitos mais baratos, mesquinhos,
originários dos ambientes mais fétidos. Foi quando Cunha avisou: se tentar me
trair......
Temer
desistiu da ousadia. Hoje, ao contrário, tenta, de todas as maneiras, articular
para preservar o mandato do ex-presidente da Câmara. Conta inclusive com o
esforço do correligionário Renan Calheiros que busca, no STF, travar processos
contra a cúpula do PMDB (leia aqui).
- Não se
abandona um leão ferido na estrada - teria dito Cunha a interlocutores.
O leão está
ferido, mas longe de ser abatido. A transformação de sua mulher, Claudia Cruz,
em ré da Lava-Jato, tirou o parlamentar frio e calculista do eixo. O risco de
que sua filha, Danielle, sofra o mesmo é outro baque emocional que tem o
desestabilizado. A jovem também tem contas no exterior e as compras que fez, de
produtos supérfluos e típicos das dondocas, repercutiram na imprensa. Cunha é
hoje, e ele sabe disso, uma caricatura pronta. Só lhe resta, para evitar que
caia e vire um leão em forma de capacho na sala, demonstrar sua força.
Por
enquanto, pelo menos nos bastidores, o leão ruge.
(*) FONTE: Conexão
Jornalismo
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