terça-feira, 14 de junho de 2016

TEMER ENFRENTA UMA BOMBA RELÓGIO CHAMADA EDUARDO CUNHA


Quando se faz uso de um articulista político capaz de qualquer coisa para atender seu pedido você poderá, num primeiro momento, "se dar bem", certo? Certo. Mas o problema é que no bojo das traições, maledicências, intrigas, assassinatos de reputação e outros ingredientes necessários para dar curso ao projeto político, o agente que te ajudou poderá te trair. E, diz a história, que ele irá traí-lo. É tudo uma questão de tempo. E esta é a certeza que toma o Palácio do Planalto nestes tempos de interinidade de Temer. O nome do agente traidor? Eduardo Cunha.

Não há dúvidas de que, afastado oficialmente do poder e sendo obrigado a agir nos bastidores, Eduardo Cunha está fragilizado. Ele é hoje 50% da força política que já demonstrou possuir. E saiba que isso não é pouco. O ex-presidente da Câmara carrega embaixo do braço, no sovaco mesmo, pelo menos 250 nomes de parlamentares aos quais pagou dívidas de campanha. Com isso carrega segredos capazes de levá-los a prisão algumas dezenas algumas vezes. Ninguém, desta turma que compõe o baixo clero, portanto, irá brigar com ele.

Se fosse uma guerra convencional diria-se que Cunha é o dono dos mísseis terra-terra; terra-mar; terra-ar. Uma espécie de senhora da guerra dos novos tempos. Difícil uma estrutura se manter de pé caso ele queira partir para o bombardeio. E não será fácil resistir a ele mesmo que haja uma ação de enfrentamento. Cunha revelou ter força no ambiente político, jurídico e da mídia.

Temer achou, inicialmente, que tirá-lo do círculo oficial do Planalto tão logo tomou posse seria indispensável e possível. Pensou que com isso ganharia legitimidade para mostrar isenção do ambiente da corrupção. Imaginou ainda que a majestade do cargo funcionaria como um repelente contra mosquitos mais baratos, mesquinhos, originários dos ambientes mais fétidos. Foi quando Cunha avisou: se tentar me trair......

Temer desistiu da ousadia. Hoje, ao contrário, tenta, de todas as maneiras, articular para preservar o mandato do ex-presidente da Câmara. Conta inclusive com o esforço do correligionário Renan Calheiros que busca, no STF, travar processos contra a cúpula do PMDB (leia aqui).

- Não se abandona um leão ferido na estrada - teria dito Cunha a interlocutores.

O leão está ferido, mas longe de ser abatido. A transformação de sua mulher, Claudia Cruz, em ré da Lava-Jato, tirou o parlamentar frio e calculista do eixo. O risco de que sua filha, Danielle, sofra o mesmo é outro baque emocional que tem o desestabilizado. A jovem também tem contas no exterior e as compras que fez, de produtos supérfluos e típicos das dondocas, repercutiram na imprensa. Cunha é hoje, e ele sabe disso, uma caricatura pronta. Só lhe resta, para evitar que caia e vire um leão em forma de capacho na sala, demonstrar sua força.

Por enquanto, pelo menos nos bastidores, o leão ruge.



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